Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas afins

Especialização em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas afins

Pós-Graduação Lato Sensu

A semiótica compreende as investigações sobre a natureza dos signos, da significação e da comunicação.  É preciso, no entanto, estabelecer uma distinção fundamental entre semiótica avant la lettre ou semiótica implícita e semiótica explícita. A primeira corresponde a todos aqueles autores que, ao longo da história, trataram de questões semióticas, sem usar o termo “semiótica” para nomear seus estudos. A segunda se refere às investigações que a partir de John Locke, filósofo empirista inglês, do século XVII, começaram a ser explicitamente denominadas de semiótica.

 

A semiótica também é denominada de semiologia. Os dois termos têm a mesma origem, ambos derivam do grego semeiom, que quer dizer “signo”. Tanto semiologia quanto semiótica etimologicamente significam ciência dos signos. A tradição do nome semiologia deriva do lingüista genebrino Ferdinand de Saussure que no seu livro Curso de Lingüística Geral, chamou de semiologia a ciência que estuda os signos no seio da vida social. A tradição do termo semiótica deriva do filósofo inglês John Locke. Embora os dois termos continuem a ser utilizados indiscriminadamente, desde 1969, por iniciativa do lingüista russo, Roman Jakobson, o termo oficialmente utilizado pela Associação Internacional de Semiótica passou a ser semiótica, incluindo sob essa denominação também os estudos de Saussure.

 

A semiótica não é uma simples ciência entre as ciências, mas um organum ou instrumento de todas as ciências para se ler o mundo como linguagem. É uma ponte que promove a inter-relação entre as disciplinas. As implicações humanas da semiótica são inegáveis porque ela fornece uma base para a compreensão das formas principais das atividades humanas, todas essas atividades então refletidas nos signos. Eles são mediadores delas.

 

A semiótica não é também somente uma teoria, mas uma prática comum, pois a própria prática social apenas se pode exprimir em forma de semiose. Os signos são, pois, uma força social e não simples instrumentos de reflexo das forças sociais, segundo Umberto Eco.

 

Compreender a multiplicidade de aspectos que o mundo dos signos é capaz de exibir é o projeto semiótico que começa pelo questionamento da referencialidade dos signos, ou seja, como e por que um signo é capaz de se referir às coisas do mundo real ou fictício? É o estudo da convencionalidade dos sistemas de signos que nos mostram que eles manifestam nossa relação com aquilo que exprimem: crença, convicção, dúvida, apelo, paixão, indiferença etc.

 

Numa breve explanação sobre nomes importantes vinculados à semiótica, podemos destacar Buyssens que considera o campo semiológico a partir dos signos naturais que ele chama de índices. Um índice não comunica nada, mas pode ser interpretado mesmo assim: uma nuvem indica chuva, a palidez pode indicar doença. Signos desse tipo têm significação, mas não constituem atos comunicativos.

 

Ele introduz o termo semia para designar um sistema de comunicação. Não só a fala, mas também a comunicação por assobios, por processos gráficos ou por gestos são semias. Ele distingue várias classificações das semias. Do ponto de vista sensorial, há semias auditivas, visuais, olfativas, gustativas ou táteis. Qualquer elemento pode se revestir de um caráter sêmico.

 

Conforme Luis J. Prieto, o campo semiótico tem duas grandes áreas: a área dos índices sem emissor e a área dos índices com emissor. Índices sem emissores são os índices naturais. Um índice com emissor, que Prieto considera como um índice artificial é chamado de sinal. Um processo sígnico que envolve um sinal é um ato semiótico.

 

O sinal indica ao receptor que um emissor se propõe a transmitir-lhe uma mensagem e o sinal tem a indicação significativa de pertencer a um código. Um código é um sistema que estabelece relações de indicação entre um campo semiótico e um campo poético, quer dizer, entre um sistema de significados e um sistema de significantes no sentido saussuriano.

 

Hjelmslev considera a linguagem verbal privilegiada porque essa é um sistema semiótico para o qual todos os outros podem ser traduzidos. Podemos usar palavras para falar sobre pintura ou música e descrever essas estruturas em pormenores. Em vez do significante e significado saussuriano, Hjelmslev introduz os termos “plano de expressão” e “plano de conteúdo” da linguagem.

 

Barthes, no seu livro Elementos de Semiologia, expande a tradição semiológica de estudos lingüísticos e inclui, nesse livro, fenômenos culturais como o vestuário, a alimentação, o automóvel ou o mobiliário. Em contradistinção a Saussure, porém, que postulava a semiologia como estudo dos signos em geral, do qual a lingüística seria só um ramo, Barthes chega à conclusão oposta: a semiologia é que é uma parte da lingüística.

 

A razão de uma tal visão logocêntrica da semiótica está na convicção de que imagens e outros objetos culturais nunca significam de uma maneira autônoma: qualquer sistema semiológico reveste-se de linguagem. As imagens publicitárias ou do filme, por exemplo, só confirmam ou até repetem as mensagens lingüísticas nas quais elas são contextualizados, de maneira que parece cada vez mais difícil conceber um sistema de imagens ou objetos cujos significados possam existir fora da linguagem.

 

O objetivo de Barthes é examinar a semiologia de vários sistemas de signos não-verbais, mas tendo por base descrições verbais. O resultado do exame de tais sistemas é a descoberta de estruturas análogas ao sistema lingüístico. Na língua alimentar, por exemplo, há regras de exclusão, oposições significantes, regras de associação simultânea ou sucessiva ou até uma retórica alimentar.

 

Umberto Eco também aborda o problema do universo semiótico. Ele investiga, por exemplo, a semântica da metáfora que emerge toda vez que a linguagem – para indicar algo que a cultura ainda não assimilou – deve inventar possibilidades combinatórias ou emparelhamentos semânticos não previstos pelo código. Eco tem por objetivo definir o estatuto da função cognitiva da metáfora, quer dizer, seu aspecto semântico. Metáforas são, explica Eco, “juízos metassemióticos”.

 

O tema da semiótica narrativa teve seu primeiro inspirador no estudioso da literatura popular, o russo Vladimir Propp. Na esteira de Propp, o narratólogo francês Claude Bremond propôs a modelização lógica das estruturas narrativas. Também inspirado em Propp, Greimas configurou sua semântica estrutural, gradativamente alargada para manifestações culturais mais vastas.

 

O legado de Charles Sanders Peirce não pode deixar de ser mencionado. Ele foi um cientista, matemático, e também um filósofo. Dentro do conjunto de seu sistema filosófico, a semiótica é apenas uma parte. No entanto, só se torna explicável e definível em função desse conjunto. Peirce considerava toda e qualquer produção, realização e expressão humana como sendo uma questão semiótica. A obra do norte-americano é extensíssima: 12.000 páginas publicadas em vida e mais 90.000 páginas de manuscritos inéditos.

 

A semiótica é hoje, na visão de Eco, uma técnica de pesquisa que consegue dizer-nos de um modo bastante exato como funcionam a comunicação e a significação, ou seja, uma técnica para se ler o mundo como linguagem, códigos verbais e não verbais da vida cotidiana.

 

Os problemas filosóficos do signo, as relações entre signo, pensamento e realidade, o homem pensado como animal simbólico, encontram sua base no filósofo da linguagem Ernest Cassirer e no psicanalista Jacques Lacan. São muitos os estudiosos relacionados com o campo da semiótica. Citá-los, juntamente com as contribuições que eles inauguraram, numa introdução, seria inviável.

 

É preciso ressaltar, por fim, que as mais importantes teorias do século XX estão vinculadas à semiótica: partindo de Saussure, Hjelmslev, Jakobson, estruturalistas que influenciaram a antropologia de Claude Lévy-Strasuss, a psicanálise de Jacques Derrida. Esses são seguidos pelo desenvolvimento da obra de Barthes, pelo projeto da narrativa do discurso de Greimas, passando, então, pelo campo semiótico do italiano Umberto Eco. Peirce e Saussure, esses dois fundadores dos estudos semióticos, distantes no tempo, encontram-se numa intenção comum: tornar possível a apreensão de todo fato de cultura e de toda prática social como uma linguagem, aplicando modelo lingüístico ao estudo de sistemas não-linguísticos.

Objetivos Gerais
  • Caracterizar os signos e mostrar como operam e, através deles, como opera o próprio pensamento, ou seja, emitir signos é pôr em circulação imagens da realidade;
  • mostrar as conotações, as denotações, os significantes e significados presentes na poética da moda, da alimentação, do mito, do quadrinho, da publicidade etc;
  • aplicar a semiótica discursiva de Greimas, não só ao estudo dos textos verbais, mas também ao estudo de textos visuais (pintura, escultura etc.);
  • ofertar uma abrangente visão da pragmática que, de forma sintética, pode ser definida como a ciência da relação dos signos com os seus intérpretes. A dimensão do intérprete é ampla. Intérpretes são todos os organismos vivos, a pragmática também trata dos aspectos bióticos da semiose, isto é, dos fenômenos psicológicos, biológicos e sociológicos que ocorrem no funcionamento dos signos;
  • apresentar os conceitos de sintagma e sistema introduzidos por Barthes. As analogias empreendias pelos eixo sintagmático e paradigmático da língua e os sistemas não-lingüísitcos. O sistema mobiliário, por exemplo, consiste das variedades estilísticas de um mesmo móvel, tal como uma mesa, cadeira etc. O sintagma mobiliário consiste na justaposição dos móveis em um mesmo espaço (mesa, anuário etc.). Tal estudo de sistemas e sintagmas abrange a música, a literatura, o cinema etc.;
  • apresentar e aplicar os principais conceitos da semiótica culturalista de Umberto Eco; da semanálise de Kristeva; da semiologia barthesiana; do projeto greimasiano; dos estudos de Charles Sanders Peirce e outros nomes importes para a compreensão do campo semiótico;
  • trabalhar com os elementos fundamentais do campo conceitual de semióticas especializadas (literária, do espaço, do cinema, da moda, da publicidade);
  • atualizar o ensino da literatura. Mobilizando forças para gerar estratégias de interação com o texto literário e seus vários canais de diálogo, ou seja, cinema, teatro, quadrinho, televisão etc.;
  • refletir sobre o papel da linguagem como forma de participação ativa na vida social e meio eficaz para a formação de um sujeito crítico, capaz de compreender e usar os vários sistemas simbólicos das diferentes linguagens.
Público-alvo

Alunos graduados em Letras, Artes, Filosofia, Turismo, Comunicação Social, Ciências Sociais, Pedagogia, História e todos os interessados em questões relacionadas com a linguagem.

Disciplinas

TEORIA LITERÁRIA
FUNDAMENTOS DE SEMIÓTICA
LITERATURA E HISTÓRIA
LITERATURA E CINEMA
LITERATURA E PUBLICIDADE
TEATRO E LITERATURA
LITERATURA E MÚSICA
METODOLOGIA E DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR
MÉTODOS DE PESQUISA (PROJETO)
SEMINÁRIOS
MONOGRAFIA

Documentação Necessária

Documentação necessária a ser enviada para o email da coordenação do curso: semiotica@uece.br

1 fotografia 3x4 de frente e recentes;

Histórico escolar de curso de Graduação Plena;

Diploma de curso de Graduação Plena;

Curriculum Vitae, devidamente comprovado;

Rg;

Titulo de eleitor

Comprovante de quitação de serviço militar (para candidatos do sexo masculino)

Cpf;

Comprovante de residência.

OBS: Os documentos devem ser enviados para a coordenação do curso para o seguinte email: semiotica@uece.br .

Investimento

No momento não temos turmas disponíveis para este curso.

Fale conosco

Podem surgir dúvidas sobre o curso, inscrição, ou outros assuntos. Não hesite em entrar em contato conosco para que possamos esclarecer todas as suas dúvidas.

Nome Telefone E-mail
Sabrina (85) 98503-5777
semiotica@uece.br